A caminho da West Coast
Acordámos com muito menos frio, as almofadas a isolar as paredes da caravana onde nós dormimos deram resultado!
Hoje a viagem é longa porque vamos de Manapouri até Haast!
Arrumámos a caravana, despedimo-nos do Possum Lodge e do lago Manapouri que nos acena de volta com uma paisagem linda debaixo de um dia de sol espectacular. Até Queenstown são cerca de duas horas de caminho e, como já foi dito num post anterior, este caminho é metade em planícies e planaltos com ovelhas e a outra metade a contornar o lago Wakatipu entre curvas e contra curvas que descortinam autênticos quadros paisagísticos que o avô Diogo iria adorar desenhar a aguarelas.
Como não podia deixar de ser esquecemo-nos do stick da GoPro do senhor comandante no nosso quarto em Millbrook. Então decidimos passar por lá para ir buscar e acabou por ser uma sorte.
Um dos senhores da recepção, o Mathias, deu-nos imensas dicas e aconselhou-nos a ir visitar Arrowtown para almoçar.
Esta cidadezinha nasceu no gold rush desta zona e a arquitectura manteve-se, por isso parece que estamos a passear por um filme Western, mas muito fashion. Almoçámos no Chop Shop (como sugeriu o Mathias) que era muito bom, mas meio carote.
Montámo-nos na nossa big caravan e seguimos viagem passando por Cromwell e Wanaka. A paisagem muda a cada hora, de riachos entre montanhas para quintas com vinhas e pomares intercaladas com quintas com vacas e ovelhas em planícies verde vivo ou castanho terra. Andar de carro horas a fio não custa nada quando uma pessoa não tem bem a certeza o que vai ver depois da próxima curva.
Ao passar Wanaka (avistámos uns malucos a fazer skydiving.. A Ana está cheia de vontades!!) chegámos ao lago Hawea e seguimos pelo lago Wanaka, tudo sítios brutais para grandes fotos e filmes com o recentemente recuperado stick da GoPro :P
De repente, o Diogo olha para o monitor de bordo e pimbas, luzinha do motor acesa. A Ana pensa "pronto! é o fim das nossas férias, vem um tsunami e o mundo vai acabar!" (sempre com o seu positivismo característico)!
O manual da VW diz para andarmos devagar e pararmos na oficina mais próxima... Mas nós estávamos literalmente no meio do nada, não há viva alma a não ser pássaros, não há bombas, não há rede de telemóvel.. A única coisa que há são 100 e tal km de curvas e contra curvas numa paisagem que reduz as nossas conversas a "Uau!", "Uau", "Uau".
Não havia nada a fazer a não ser esperar chegarmos a Haast e tentar falar no telefone do parque de campismo para o número SOS das caravanas!
No meio do caminho encontrámos uma placa que apontava para o meio do bosque e dizia "Blue Pools". Parámos a nossa casa ambulante, e agora doente, num reentrância da estrada e lá fomos nós à descoberta, a pé 30 minutos pelo meio das árvores que de tão densas tapavam o céu.
Foi uma boa paragem! As Blue Pools são pequenos rios formados com a água que vem em cascata diretamente do cume da montanha. Por o solo ser gravilha muito branca, a água que é pura fica azul turquesa, parece as Caraíbas mas em versão Rio! O caminho até às piscinas não foi fácil, era por uma apertada ponte que balouçava de uma forma tão intensa que parecia que ia virar! O Diogo tem vertigens então acabou por ser um episódio engraçado saltar em cima da ponte e fazer-lhe tanto medo ao ponto de ficar branco, tipo da cor da gravilha! Ahahahah!
Continuámos caminho por mais cerca de 2 horas. Estávamos a andar na base de uma cordilheira de montanhas, chamada Mount Aspiring. Íamos quase que paralelos ao rio que corre no meio da cordilheira e, tanto do lado direito como do lado esquerdo, erguiam-se abismais paredes de pedra e vegetação, que por vezes nos presenteavam com cataratas com uma força tal que pareciam uma torneira ligada no meio das montanhas.
Chegando ao fim da cordilheira, o céu abre-se como que anunciando um fim de mais um momento mágico.
Parámos a nossa caravan no Parque de Campismo que não tinha nada a ver com o primeiro. Este era muito mais comercial e grande. O Possum Lodge deixou mesmo saudades!
Ligámos para o SOS Maui (da assistência das caravanas) e uma voz, possivelmente Noca, do outro lado a falar um inglês manhoso garantiu-nos que dentro de uma hora ia chegar alguém da assistência para ver a nossa caravana.
Como já é normal, o senhor da assistência transbordava felicidade e simpatia. Lá fez o que tinha a fazer e, em princípio, ficou tudo resolvido.
Esta noite pela primeira vez cozinhámos dentro da caravana e, mais uma vez, fomos dormir cedo.
Amanhã é dia de passear nos Glaciares! :)