Até breve, Ilha Sul, obrigado!
Acordar com passarinhos a palrar, com o barulho de um riacho num canto cheio de natureza nos confins do mundo é possivelmente a coisa mais relaxante do mundo.. Até uma pessoa olhar para o relógio e perceber que acordou mais de hora e meia mais tarde do que queria.
Por causa disso não fomos fazer o trekking pela costa do Abel Tasman Park. Tínhamos o ferry para atravessar da ilha sul para a norte marcado para as 14h e ainda eram 3 a 4 horas de viagem.
Pelo caminho passámos por Nelson, uma grande cidade numa baía lindíssima, em que a periferia eram quintas e quintas de vinhas. A baía tinha imensos barquinhos, uns de pescadores e outros à vela.
Depois de passarmos Nelson fizemos contas às horas e reparámos que estávamos atrasados.. Como tínhamos sido forretas e comprado o bilhete de ferry não reembolsável começámos a sentir o aperto.. Tínhamos o coelho da Alice no País das Maravilhas à perna e não nos deixava sequer parar um segundo para apreciar a vista e tirar fotografias.
O caminho de Nelson até Picton (o porto onde íamos apanhar o barco para a ilha norte) começou com "bora, vai, bora, bora, vai, vai", e a partir daí só acelerou. Estrada, quinta, curva, quinta, contracurva, estrada, "era ali à esquerda?", "era, dá a volta", estrada, curva, montanhas (lindas, lindas), verde de um lado, lago do outro, curva, contracurva, lago, que bonito, vai, vai, cuidado, mais curva, mais contracurva, que baía linda, tira fotografia, não dá estás muito rápido e só apanho arbustos, curva, contracurva, até que, depois de uma hora neste ritmo alucinante e sem conseguir andar mais de 5 metros com o volante a direito, damos de caras com uma baía onde está atracado um ferry gigante. Era o nosso ferry!
Faltam 10 minutos para o check in e metemos-nos na fila para entrar com a nossa caravana. Momento de descompressão :)
Enquanto não entramos no barco fazemos uma sandes e observamos um casal de velhotes que podíamos muito bem ser nós daqui a 50 anos!
Depois de estacionarmos o carro no barco, subimos até ao deck mais alto (10o andar) para um último adeus à ilha Sul. Enquanto o barco arranca e nos relembramos de todos momentos únicos que tivemos nesta ilha, entre fiordes e lagos imensos, paisagens recheadas de ovelhas e vegetação verde e castanha, glaciares em constante movimento e chuva torrencial junto ao mar, adrenalina de um salto de um precipício e relaxe num parque natural, a ilha também parece que se despede de nós enviando uns golfinhos que acompanham o barco que segue no meio das ilhas de Queen Charlotte Sound em direcção ao Cook Strait.
Ficou aqui um bocadinho do nosso coração.
Até breve, Ilha Sul, obrigado!